Arquivo para janeiro \31\+00:00 2006

31
jan
06

Fim.

Terrível mas verdade.

31 de janeiro assinala o fim, melhor, o começo do fim de minhas tão curtas férias. Sou forçado a voltar ao trabalho pra estabelecer que pedras vou carregar este ano, depois tenho mais uma semana aproximadamente de folga e, daí, retorno de verdade até os diazinhos de graça no carnaval.

Dura pouco, como dizem por aí.

Ainda com problemas pra imaginar qualquer coisa que cuja narração seja válida e necessária. Tô chato pacaráio, né? Questão de critério. Merda por merda continuo escrevendo exclusivamente em blog que fico satisfeito.

Teria que ser algo que tenha a ver com o formato de minha cabeça nesses dias. Teria que ser algo com personagens com vozes distintas. Teria… bom, a beleza da subjetividade é esta. Vontade defazer algo que escape totalmente de qualquer projeto em que tenha me metido antes.

Sem referências anteriores ou posteriores. Sem autobiografia. Sem super-heróis. Sem terror. Sem FC. Com tudo ao mesmo tempo. Mantendo o critério que permeou CÁPSULAS: sobre PESSOAS. Queria ter como bolar um projeto assim em tempo hábil… também queria ter um desenhista que pudesse dedicar um tempo pra tornar a história visualmente aceitável de modo que pudesse enviá-la a uma das poucas editoras que mexeriam com material assim…

Só chateação.

30
jan
06

Bueno.

Então, é isso.

Tenho assistido mais tevê do que de costume. Em excesso. ‘As vezes me come tempo de outras atividades que gostaria de desenvolver. Outras, compensa ficar sentado durante uma ou duas horas diante da tela. Quando assisto ‘as séries da HBO, por exemplo, me sinto recompensado. Já tinha visto a 1.ª temporada de DEADWOOD em dvd e agora estou assistindo a reapresentação da 1.ª temporada de ROMA. É legal ver a preocupação com roteiro, principalmente. A historicicidade é discutível em ambas, mas a diversão é garantida. De verdade.

Que mais? Será que consegui ler qualquer coisa recomendável por esses dias? Nein. Só besteiras. Sim, tem um negócio que achei divertido: PRIEST, da Lumus. Manhwa novo, editora nova. A história é das mais previsíveis. Quem já viu Spawn conhece a tramazinha primária. O que chama atenção de fato são os desenhos, é a execução. É tudo legal. Imagine só 190 páginas num estilo similar ao de M. Mignola. Não tem como errar. Diversão, tiros, pedaços de corpos voando, ideogramas mágicos (acho que é essa a intenção)… é pra ser uma história de terror, acho, mas com uma dose de western ou vice-versa.

Material americano… em quadrinhos, nada.

E olha que não é por negligência minha. Tô sempre checando os lançamentos mais esdrúxulos. Preciso fazer um catching up do material alternativo que a CONRAD publica por aqui e torcer pra BLACK HOLE entrar no radar dos caras e ganhar uma edição nacional. Já desejei coisas mais difíceis que aconteceram.

28
jan
06

Continuidade.

Ontem soltei uma transmissão de FA cujo sentido ainda me escapa. Só queria gritar com alguém. Sentir isso, essa vontade de berrar, mesmo sem público, muito melhor sem público, não me ocorre há uns aninhos. Uns 10. Outra coisa é sair andando… sem objetivo, alvo. Até parar… parar por falta de caminho a percorrer. Sem trilha, sem espaço a ser palmilhado, só o vazio. Vazio vocal, vazio espacial. De repente, nada mais. Esgota-se a vontade, o impulso, resta o repouso. Quando encontrar um assunto do qual valha ‘a pena falar, talvez seja mais prazeroso escrever, encher lacunas.

Lendo, principalmente e lentamente, BREVE HISTÓRIA DE QUASE TUDO. Bons momentos. Leitura recomendada.

Assisti ontem EQUILIBRIUM, com Christian Bale. Assistindo a esse filme entende-se com facilidade porque o escolheram pra ser Batman . O cara convence. Mesmo a história sendo uma versão diluída de 1984 misturada com FARENHEIT 451… espera… diluída e piorada… o cara carrega o filme nas costas.

Tentando ler quadrinhos, mas sem sucesso. A última coisa que li com vontade de verdade foi ALL STAR SUPERMAN. Porque é Morrison e Quitely, principalmente. Taí uma equipe difícil de errar na mão. Desde FLEX MENTALO. Li em algum lugar da rede sobre a decadência do Grant e achei graça. Quando se inverte os valores a tal ponto que o storytelling superior e argumentos melhor amarrados e apresentados são sinal de decadência, sei lá o que dizer, viu… talvez tenha a ver com o fato de WE3 não ser uma história de super-heróis… isso deve ser frustrante pra muito fã de quadrinhos… descobrir que um autor que admira escreve coisas que não estão sequer remotamente relacionadas com as fantasias adolescentes de heroísmo etc e tal… certo, não deixa de ser fantasia e fuga da realidade, só não tem a conotação homo-erótica-sadomasoquista que as fantasias de super-heróis têm… voltando a falar de ALL STAR SUPERMAN… a narrativa e as idéias, todas ali, de um jeito emblemático… mais importante que qualquer coisa, que qualquer conteúdo, é como o conteúdo é mostrado. Decisão da equipe criativa. CRIATIVA. EQUIPE. Mesmo. Um complementa o outro perfeitamente. Há momentos em que se deseja que Quitely produzisse mais. Daí a pergunta inevitável de qualidade x quantidade aparece e deseja-se menos que ele produza mais até que, simples, entende-se que a produção se dá como deve. Morrison e as idéias malucas, bonitas e grandiosas que ele pode ter… esse Morrison… reciclando algumas idéias, acrescentando outras… nunca houve Superman como o seu.

27
jan
06

Bill.

Não qualquer um deles. Wild Bill, da variedade Hickock. Histórico. Excelente personagem. Walter Hill. Coadjuvante em DEADWOOD (um dos meus dois programas de tevê preferidos) interpretado por um dos Carradines (não o Bill de Tarantino)… agora, por último, numa historinha de MÁGICO VENTO interessante e coerente com o que se sabe a respeito do sujeito. Já tinha sido personagem de outras hqs, com destaque pra coadjuvante em SUPREME de Alan Moore & Rick Veitch.

Tá.

‘As vezes acontecem/lemos/vemos coisas que dão vontade de escrever. A maior maldição que poderia me acontecer já aconteceu: minha habilidade de contar histórias ser tão voltada pra uma linguagem orientada pelo visual. É maldição por que não tenho a menor vontade de correr atrás de outros elementos (além da história) que a tornariam possível de realizar-se. Sou preguiçoso. Mesmo. Ah, e acho gente, lidar com gente, uma chatice.

Se quiser pode me chamar de misantropo.

Lembro de um cara me dizendo que eu não me importava com “conversa fiada”. Só que ele falou de small talk. Depois disso deixamos de conversar. Não me pergunte o motivo.

Enfim, se, e este é um grande… espera… SE eu vier a mexer com qualquer coisa parecida com uma história gráfica um dia… vou precisar de um “atravessador”… alguém que faça o meio de campo… com quem eu possa lidar civilizadamente… mas já falei disso, não?

De qualque jeito, todas essa coincidências sobre o Wild Bill me fizeram pensar novamente nos projetos que estão pegando poeira virtual no hd. Deu vontade de mexer na adaptação. Deu vontade de brincar com meus brinquedos, as peças do tabuleiro de O GRANDE JOGO e tal.

Mas é aborrecido demais.

Chega disso.

26
jan
06

Quê?

Depois da viagem nerd da entrada anterior, nada melhor que tomar uma distância segura, respirar ar não-viciado e seguir adiante.

Tá bom. Admito um certo comichão de falar de editoras de quadrinhos novas (são duas de que tive notícia) e de outros bichos relacionados, mas, numa ação totalmente inesperada pruma personalidade dependente como a minha, resistirei.

Hoje vi um filme… ‘A BEIRA DO ABISMO, acho… que tava tentando ser coisa do Lynch. Cê sabe, o tio David que sobreviveu. Nada especial. Só aquela coisinha, bem didática mesmo, de a realidade ser como um filme passível de reescritura pela mente de quem a testemunha. Tese ligeiramente furada, pelo menos pra pessoas mentalmente saudáveis que sabem que quem reinterpreta a realidade pra ficar mais acomodado é psicótico… reescreva o roteiro e, ta-dã!

Em CIDADE DOS SONHOS, Lynch trata a mesma temática de um jeito bem mais onírico. Ele faz o espectador experimentar o mesmo entorpecimento pelo qual passa a personagem de Naomi Watts. “Silêncio!” é exigido ao espectador e o shutdown mental inevitável acontece de fato. Cala-se a voz interior e goza-se o clima do filme. É uma experiência gestáltica, sem dor, natural.

Quer dizer, tão natural quanto a arte pode ser.

Sinto falta de material desse gênero, onírico, estranho na narrativa gráfica estática. VELVET GLOVE, GHOST WORLD e DAVID BORING são alguns dos poucos representantes de que sei. BLACK HOLE, que dizem ser excelente, é mais difícil de encontrar que trevo de quatro folhas… por que escrevi isso?

É o tipo de coisa pra qual se faz necessária uma sensibilidade diferente. E quem é que tem?

24
jan
06

No fear.

É música do Rasmus e também tema recorrente de hqs. Lembro de pelo menos dois homens-sem-medo dos quadrinhos de super-heróis. Um deles, em mini-série recente, enfrenta uma entidade cósmica amarela (cor que representa o medo na história) com seu anel de energia verde (força de vontade).

Achei engraçadíssimo o uso das duas cores supra pra representar o que representam nos quadrinhos por conta de uma outra escala cromática com que me familiarizei recentemente e tem valores diferentes… o amarelo, por exemplo, seria representação do primeiro estágio da consciência de segunda camada… o verde é o último estágio da consciência de primeira camada… o verde é pluralista e egocêntrico, o que significa, simplificando, que uma pessoa nesse estágio de consciência, consegue perceber que há várias formas de encarar/interpretar o mundo, mas não consegue aceitar nenhuma que seja discordante da sua própria. Já o amarelo seria aquele estágio de consciência em que se nota a pluralidade mas também se tem a noção de que o plural é parte de um todo… reconhece o potencial do todo,é holístico, cosmocêntrico.

Taí.

É o que achei engraçado, essa inversão. Talvez o roteirista sequer tivesse idéia de que existe essa escala de cores representativas de estágios da consciência (o Morrison sabe, já até li uma entrevista dele falando disso). Tá certo que o dito cujo tá trabalhando com coisas estabelecidas desde a criação do personagem, mas seria legal, por exemplo, se a gente descobrisse que Sinestro é o próximo estágio na evolução dos lanternas… afinal, o que é verde amadurece, certo?

22
jan
06

Mais uma.

Comecei a escrever mais uma daquelas entradas que não levam a nada e deletei tudo o mais rápido possível assim que vi o que estava fazendo.

Sabe? Uma entrada-complexo-de-unha-encravada?

Aquele tipo que pergunta coisas cujas respostas não interessam pra ninguém? Estúpido, simplesmente estúpido.

Mas sobre o que escrever, certo?

Todo mundo sabe… aquele recurso que não falha numa conversação, quando não se tem nada pra dizer… me odeio ‘as vezes por não ter coragem de apelar e fazer esse tipo de coisa… tipo: E o calor, héin?

Caralho! Caralhos duplos! Eu sei dizer quando alguém não tem mais assunto! Então, porra, vai adiante! Dá um tchau, pode ser sem graça, mas ainda assim é melhor que erguer o rosto, óculos embaçados devido ‘a umidade de seu corpo evaporando por conta da última massa de ar quente e dizer: Tá quente, né? Ou então chegar pingando de chuva… cara, isso me faz lembrar de uma seção da MAD que nem sei se ainda existe… era RESPOSTAS CRETINAS PRA PERGUNTAS IMBECIS ou coisa que o valha… o cara entrava pingando na sala de casa, encharcado, molhado até os ossos, um rio descendo pela aba do chapéu… e a mulher dele… a mulher dele perguntava: Tá chovendo? Daí o cara respondia com um não e acrescentava alguma coisa bem ridícula, tipo “Caí na piscina”, sem que eles tivessem piscina etc.

É isso.

Falta de assunto dá em conversas sobre o clima. O clima: Reparou como minha pele desgruda da carne com facilidade depois de uma exposição excessiva de raios UVA e UVB? Mas, falando sério, mesmo, de verdade… a melhor coisa com relação a clima em que consigo pensar é na Mariana Ferrão, a garota do clima do jornal da Band.

Dava pra falar um pouco dela, acho. Nada sexista. Ela apresenta o programa vestida. Pena. Tá, isso foi sexista. Mas taí… é melhor falar dela do que do clima. Cê já reparou na Mariana Ferrão? Não, não é uma mulher heidegeriana, mas interessantíssima em sua humanidade. Articulada, bonita, não de uma beleza alienígena, como já devo ter deixado claro, mas bonita.

Que mais?

Nada.

Só bundando por aqui sem ter o que fazer.

Ah, é… tô lendo um par de coisas. Quando encontrar algo interessante digo procês. Por enquanto, só deserto.

21
jan
06

Tentativa.

Seguida de possível erro.

Me prometi uma postura não-opinativa a respeito do que quer que me caísse nas mãos e se tornasse objeto de (meu) exame. Por quê? Porque por um período breve, diria, me pareceu mais interessante pensar que todos têm lido só o filet mignon da arte seqüencial atualmente traduzido (ou não) pra nossa língua.

Por algum motivo, temos variedade e quantidade de publicações em banca, apesar de o material produzido por talentos brasileiros ainda ser escasso.

Assim, li dois gibis de que gostei, por motivos estranhos, ambíguos. Sei lá. Um foi o último # de J.KENDALL. O fator de apreciação foi, ao contrário do que era de se esperar, não o roteiro impecável de Berardi, mas o fato de a desenhista ter dado um rosto reconhecível como o de um dos maiores psicopatas(?) do cinema a um dos personagens. Quando vi o dr. Hannibal nas páginas da historinha, senti que gastei o dinheiro objetivamente, já que aquilo me divertiu.

O outro fo GCCC, ou DC ESPECIAL #8. A história MEIA-VIDA tem um desenvolvimento, um desdobramento típico dos melhores filmes de suspense… pense em Hitchcock quando falo isso. Você sabe quem é o vilão, você sabe quem é o herói, você sabe qual é a ameaça. Tudo é limpo e perfeitamente visível. A arte da coisa toda está em fazer com que o leitor/espectador se importe. Que se importe com os personagens e com suas ações. Sabe, como quando no cinema os caras gritavam pras imagens na tela: “Não, não entre! Tem alguém que vai te fazer mal aí dentro!” Todo mundo sabe, exceto os participantes da trama. E ao leitor é dado o prazer de preocupar-se com eles, de recriar a história sem o esforço inicial dos autores…

Falando em Hitchcock, vi A MÁ EDUCAÇÃO, o mais hitchcockiano dos filmes de Almodóvar. Novamente, mais importante é estabelecer a empatia do leitor/espectador com o material do que surpreendê-lo. E Almodóvar é um dos melhores nesse quesito. O filme poderia funcionar também como um estudo de metalinguagem. Sim, perfeita, soberbamente.

20
jan
06

Uma.

Só uma palavra que sirva como motivo, mot, móte… mas tem que ser só uma. Mais de uma e o truque pode não funcionar. É necessário atrair e fisgar o leitor de modo rápido e eficaz. Com uma palavra.

Ainda sem idéias a respeito do que fazer, mas já sabendo que nada do que fiz de antemão servirá como parâmetro. Outra obra, a obra de uma personae, não do verdadeiro e múltiplo dono-do-jogo. Ego-centauro, corpo-e-mente, autor. Uma personagem do autor que achou que seria melhor fazer do seu jeito e foi inventando-o enquanto fazia. Sim. O jeito.

A sensação é ótima. Só fica aquele vazio. Sabe aquele vazio que era preenchido com ações simples…? É, esse. O que eu fazia antes de ter o hábito, o vício, o-que-seja? Como eu passava o tempo? É difícil passar o tempo, fazer passar o tempo sem o auxílio daquele, sei lá, relógio? De certa forma ajudava a marcar o tempo.

Bem esquisito.

Acho que essa deve ser uma entrada esquisita.

Precisa ser uma entrada esquisita. De certa forma, marca um reinício (outro reinício), ou um completamente novo em que tudo que acontece, acontece pela primeira vez.

Prum novo eu.

Acho que daria prescrever muito mesmo sobre isso sem ser confuso, sendo objetivo. Mas, quer saber?, não tô a fim.

18
jan
06

Nicotina.

Tem um filme mexicano, se não me engano, com esse título aí em cima.

Escrevi uma página da hq homônima e, de repente, muita coisa começou a fazer sentido.

Sempre a mesma história. Quando se quer racionalizar alguma coisa você termina conseguindo. Quando não se quer também.

Sobre a nicotina, li um punhado de artigos, cheguei ‘as conclusões de praxe e segui adiante. Não tem realmente nada a se declarar nesse caso. Minha historinha corria o risco (seríssimo) de virar qualquer coisa próxima de institucional, embora não consiga me ver fazendo pregação pra seo ninguém.

A página terminada e muito autobiográfica ficou como marco pra mim de outra coisa. De escolhas. Chegou a hora de escolher entre seguir em frente com a perseguição eterna de um sonho-cortina-de-fumaça, ou gastar mais tempo me concentrando no que realmente importa.

Em um dos recordatórios de NICOTINA, escrevi: “Tenho medo de, ao deixar nicotina e cafeína, não ser mais ‘eu-mesmo’. Sabe, como naquele dito: ‘Você é o que você consome.'”

Estranhamente, o medo supra-descrito pode servir como combustível pra ação.

Se eu não quiser mais nada com ‘eu-mesmo’, que curso de ação mais certo a recorrer?




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